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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Os candidatos e suas profissões

Mais uma vez estamos em rítimo de eleição!!!
Mas, bacana mesmo, além de assitir à Propaganda Eleitoral Gratuita e Obrigatória, é acessar o sítio eletrônico do TRE e verificar os dados cadastrais dos nossos candidatos.
Um dado que achei interessante foi a relação candidato/profissão... segue abaixo alguns que descaquei...


É... a garotada tá afim de ingressar, mesmo, pra política!!!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Max Weber - Fichamento da "Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo"



Pessoal, quem ministrará a aula de hoje, é o Sociólogo Geélison Ferreira da Silva, mestrando em Sociologia pela UFMG. (geelisonfs@yahoo.com.br)

O porquê do maior desenvolvimento do capitalismo nos países predominantemente protestante no final do século XIX e inicio do século XX? Por que razão havia maior número de protestantes nos países capitalistas? O livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo” de Max Weber, publicado pela primeira vez em 1904/1905 busca responder as questões acima, e compreender o capitalismo para além dos estritos campos econômicos e materiais como um modo de produção, o compreende também como espírito, ou seja, cultura – conduta de vida com fundamentos morais/éticos e simbólicos.
No corrente texto damos enfoque especial à segunda parte do livro, cujo subtítulo é “A idéia de profissão no protestantismo ascético”, que trata dos “fundamentos religiosos da ascese intramundana”, bem como de “ascese e capitalismo”. A edição por nós consultada para este trabalho é de Antônio Flávio Peirucci, publicado pela Companhia das Letras, em 2004. Para Weber a ética religiosa protestante, com seu desencantamento do mundo, próprio da modernidade, e sua valorização do trabalho profissional em si, constituem elementos essenciais, especialmente, um favorável efeito psicológico para o desenvolvimento do capitalismo (p.87).
Weber destaca especialmente quatro espécies do protestantismo ascético que exerceram esse papel, são eles: 1) Calvinismo; 2) Pietismo; 3) Metodismo; 4) Seitas Anabatistas. Não seria possível fazer total distinção ou isolamento entre os princípios destas correntes, como exemplo disso tem-se o fato de que a origem do é calvinista, passou por uma transição luterana, resultando em sectarismo que não era desejado originalmente. Outro exemplo é o caso do Metodismo que era simplesmente a igreja estatal inglesa, também, sem pretensão separatista como princípio (p.87). O Calvinismo e o Anabatismo se enfrentaram no final do século XIX, e posteriormente houve aproximação no seio da igreja Batista (p.88). 
Assim, de forma geral, o que ocorreu foi uma diferenciação gradual e progressiva entre as correntes, inclusive entre anglicanismo e catolicismo. O que há de mais fundamental no que se refere à diferença dogmática é a Doutrina da Pré-destinação protestante versus a Doutrina da Justificação tipicamente católica/luterana. Nas diversas denominações originadas de umas das quatro espécies de protestantismo aqui relacionadas ou da configuração entre quaisquer dentre elas, ocorre uma grande valorização de uma conduta de vida moral muito diferente daquilo que vigorava até então. Para Max Weber foi mais importante realizar um análise a partir das “representações da fé religiosa” do que dos compêndios de conduta ética (livros de apoio) (p. 89).
Passemos á síntese da análise que Weber faz a respeito das quatro correntes, a começar pelo calvinismo, cujo dogma característico é a Doutrina da Pré-destinação. Para Weber, para responder se essa doutrina é essência ou tendência da igreja reformada, ou seja, calvinista, deve se fazer uma imputação histórica, e não juízos de valor ou fé, assim, em seu método, Weber busca identificar efeitos histórico-culturais do dogma, que de acordo com ele foi o primeiro elemento a ser combatido pelo estado no calvinismo. Busca-se então identificar o seu conteúdo autêntico (p.90/91).
Quanto a esse conteúdo tem-se a livre vontade - o homem por vontade própria não pode preparar-se para a salvação por conta do pecado. O decreto de Deus, pelo qual alguns homens são predestinados à vida eterna de acordo com os desígnios insondáveis de Deus. “O predestinado deve alcançar seu fundamento no mundo de acordo com seu desígnio imutável.” O da vocação eficaz, que significa que ao predestinado Deus deu um coração novo, de carne, por isso ele é capaz de agir de acordo com a sua vontade. O da providência, que faz com que os maus e sem fé sejam abandonados à devassidão. (p.91/92).
Quanto ao caminho pelo qual se chegou ao dogma da predestinação, Weber considera dois possíveis: o sentimento religioso de redenção por potência divina e não por valor pessoal e o sentimento de que nosso destino individual é um mistério, impossível e arrogante sondar (p. 93/94).
Como conseqüência tem-se o sentimento de solidão interior do indivíduo. 

No assunto mais decisivo da vida nos tempos da reforma – a bem-aventurança eterna – o ser humano se via relegado a traçar sozinho sua estrada ao encontro do destino fixado desde toda a eternidade. Ninguém podia ajudá-lo. Nenhum pregador: pois somente o eleito é capaz spiritualiter {em espírito} a palavra de Deus. Nenhum sacramento: pois os sacramentos, com certeza ordenados por Deus, limitando-se apenas a ser subsidia {auxílio externos} da fé (p.95)


Percebe-se aqui, o desencantamento do mundo pela rejeição da magia sacramental como via de salvação. Já não é mais a missa, o batismo, ou a confissão que salva. Mas o indivíduo reformado, se salva de acordo com os insondáveis desígnios de Deus. Entretanto ele garante aos seus eleitos que sejam bem sucedidos na vida terrena para que seja demonstrada sua glória, além de que o seu comportamento como eleito, deve estar em conformidade com a vontade de Deus. Afinal somente para isso deve servir a vida do santo. De acordo com Weber esse processo de desencantamento teve início com as profecias, pois a partir delas tem-se a figura de um Deus que demanda uma conduta ética já com certa sistematização.
O puritano tem, portanto, um posicionamento negativo ante quaisquer elementos de ordem sensorial e sentimental na cultura e religiosidade subjetiva. Pratica-se a recusa da cultura dos sentidos de forma genérica. Como resultado tem-se o isolamento individual como conseqüência da doutrina. 

Se bem que a pertença à verdadeira igreja fosse uma condição necessária inerente à salvação, a relação do calvinista com seu Deus se dava em profundo isolamento interior (p.97).

O trabalho do calvinista existe como o objetivo único de aumentar a gloria de Deus. Ele e se dá como cumprimento da missão vocacional profissional com caráter objetivo e impessoal: o trabalho pelo trabalho é apresentado no utilitarismo calvinista (p.99/100).
Já que Deus escolheria seus eleitos como lhe aprouver, como então, ter certeza de ser um eleito, já que os eleitos não se diferenciam em nada dos demais? Restava ao puritano permanecer na confiança até o fim, portanto, deveria agir como tal. A falta de convicção dos incrédulos se daria pela insuficiência de sua fé. Sendo, portanto, atuação insuficiente da graça de Deus. Parece não haver como saber se vai ser salvo, entretanto, tem como se saber quem não vai ser. Aparentemente, o cristão puritano é movido pelo medo de não ser salvo. Quotidianamente ele precisa demonstrar com sua conduta ética que é um eleito (p.100).
Ficam claras as diferenças entre o puritano e o luterano. A graça que para o  luterano é prometida aos humildes e penitentes, passa a ser dos “santos” auto-confiantes cuja ilustração pode ser encontrada nos empresários e comerciantes puritanos. O trabalho sem descanso seria o meio eficaz de conseguir esta autoconfiança e a certeza de estado de graça. 
No luteranismo a justificação se dá pela fé, enquanto a sensação do divino como sensação substancial de Deus desempenha um papel essencial. Isto em combinação com o sentimento de indignidade pelo pecado requer a manutenção da penitencia quotidiana, através da humildade e simplicidade pelo perdão dos pecados. Já no puritanismo o crente é receptáculo e ferramenta da potencia de Deus. O receptor e ferramenta de Deus, ao se portar como tal, fornece o certificado para o seu próprio estado da graça (p.102).
Para o calvinismo os sentimentos são enganosos e a fé precisa ser comprovada por efeitos objetivos, ou seja, o cristão deve conduzir sua vida de forma a aumentar a glória de Deus. Apesar de incapazes por esse meio de obter as bem-aventuranças, a boa obra é imprescindível como sinal de graça e eleição. Tem-se, assim, o meio técnico não de comprar a salvação, mas de perder o medo de não tê-la (p. 104). O puritano cria, ele mesmo, a certeza da bem-aventurança. A vida do santo é voltada para o transcendente, por isso, sistematicamente racionalizada (p. 105).
Além das profecias, Weber destaca outro marco de racionalização/sistematização da fé, que seria a vida monástica, mas para ele, é no puritanismo que se dá o densancantamento do mundo na vida profissional como vocação natural do homem para o trabalho, produzindo para si o certificado da graça enquanto demonstra e presta favores á glória de Deus. O objetivo é comprovar a fé na vida profissional mundana (p.110).
A santificação da vida do puritano passa a ser então administrada como uma empresa. Essa administração da conduta quotidiana é impulsionada pelo efeito psicológico produzido pela pedra angular da igreja reformada, que é a doutrina da predestinação (p.113).
Weber também trata do pietismo, que é categorizado por ele como uma corrente ascética do calvinismo. Pelo pietismo teria ocorrido a radicalização da ascese calvinista na Inglaterra. Seria um movimento ascético ligado a doutrina da predestinação. Nessa corrente as questões dogmáticas relegadas ao segundo plano, uma vez que não seria possível comprovar a condição de eleito (p.119).
O pietismo queria tornar visível a igreja invisível dos santos. Saborear neste mundo, a ascese intensificada, a comunhão com Deus e a bem-aventurança. Ao contrario o que ocorria no calvinismo, tinha-se cultivo do lado sentimental. Ocorria a alternância de histeria e momentos de letargia nervosa, com ressentimento pelo afastamento de Deus. É uma corrente sentimentalista, diferente da racionalidade Calvinista (p.119).
Entretanto, o sentimento, inclusive o de ser um verme, nos momentos de ausência de Deus, poderia resultar em motivação para esgotar a energia na vida profissional. Assim, também no pietismo, o certificado da salvação é encontrado na vida profissional mundana. Ademais, o pietismo requer maior controle ascético, na vida profissional, e honestidade. 
O pietismo também ocorreu em terreno luterano, em que se afasta da doutrina da predestinação. Significou a penetração da conduta de vida metodologicamente controlada, isto é, conduta de vida ascética, mesmo em zonas de religiosidade não calvinista. Logo, tinha a predominância do elemento ascético racional. Ele corrobora para desenvolvimento metódico da santidade pessoal,  bem como para trazer a confiança de que providencia de Deus concedia a graça (p.120).
O trabalho profissional é o meio ascético por excelência, e Deus abençoaria o sucesso no trabalho. É estabelecida uma aristocracia dos regenerados.  No ano de 1729 luteranos tinham posição parecida com a da aristocracia calvinista dos santos e se orientavam pela ética profissional calvinista. O justificado pode não reconhecer sua condição, mas os outros podem fazê-lo pela observação de sua conduta, bem como pela manifestação da graça de Deus em sua vida. A comunidade dos irmãos como também funcionava como uma empresa comercial que demandava tarefas (p. 122:124).
Ao se tentar estabelecer diferenças entre Luteranos e calvinistas, encontra-se, que o luterano busca a salvação dos pecados, manifestada pelo sentimento de reconciliação com Deus ainda no mundo, enquanto o calvinista, busca a santificação prática, racional planejada. Entretanto, o sentimento no luterano estimula ação racional (p.125).
Outra corrente que desempenha papel fundamental de acordo com Weber é o metodismo. No metodismo também ocorre indiferença quanto a fundamentos dogmáticos e uma religiosidade sentimental ascética, bem como, sistematização de toda conduta de vida a fim de alcançar o certificado da salvação. Tem-se uma “... ética ascética marcada com o selo do puritanismo.”.  Percebe-se a presença da idéia puritana de que as obras não são a causa real da graça, mas causa de conhecimento deste estado (p.127).
Entretanto, ao contrario do que ocorre no puritanismo, tem-se sentimentalismo, experimentação da graça e batalha penitencial, a despeito da comprovação sistemática quotidiana praticada pelo puritano, apesar de que, continua sendo indispensável a comprovação, como sentimento de proximidade com Deus, produzindo sinais de mudança de conduta que eram semelhantes a do calvinismo (p.128:130).
A ultima corrente que Weber trata é a das seitas anabatistas e batistas. Para Max Weber, diferentimente do metodismo e do pietismo, o anabatismo é o lado autônomo da ascese protestante. Formavam a comunidade dos crentes e regenerados, não como igreja, mas como seita. Essa tendência ao regenerado pode ser observada pelo batismo adulto, fase da vida onde é possível que essa regeneração tenha ocorrido. O foco é a apropriação interior da obra de redenção de Cristo, através da ação do espírito divino no indivíduo (p.130:131).
Tem-se nos primeiros anabatistas uma rigorosa evitação do mundo, além da idéia de revelação continuada colocando de lado a autocracia da Bíblia e valorizando a luz interior da revelação. Romperam com os resquícios da doutrina da salvação, como também, desvalorizarão os sacramentos como meio de se salvar. O que também pode ser interpretado como desencantamento. Os anabatistas tinham anseio por comunidades puras, cuja conduta dos membros deveria ser imaculada (p. 131:134).
Logo, novamente tem-se a necessidade das obras, não como condição, mas demonstração da graça de Deus. Deus deveria falar, para a criatura que deveria se calar. Assim, tem-se a demanda de uma ponderação severa, ou seja, ascese intramundana, sistematização prática da fé – desencantamento. As virtudes ascéticas confluíram para o trabalho profissional, apolítico. E a honestidade é a melhor política. A energia acumulada era liberada na economia privada (p.137).
O que percebemos como mais decisivo para o desenvolvimento do capitalismo em qualquer das quatro correntes foi a concepção de estado da graça, da mesma forma, a separação da danação do mundo, sem meio mágico sacramental, mas pela comprovação manifestada pela conduta, além do estimulo individual ao controle metódico. Tem-se, contudo, a ação psicológica da religião sobre o indivíduo, resultando em influencia tanto cultural, quando promove o desencantamento do mundo, racionalização e individualismo, quanto material/econômico, quando a cultura religiosa favorece o o acúmulo e desenvolvimento do capital. Esse grande feito da ascese se dá pelo fato de assegurar/certificar a bem-aventurança.
De acordo com Weber, não fazemos idéia de como era a influencia do líder na religião antes da modernidade. Ademais, a riqueza era anteriormente tida como riqueza como perigo, sendo, portanto, moralmente reprovável. Enquanto o Calvinismo não via obstáculo na riqueza, ao contrário, via aumento de prestígio, não somente ao rico, mas demonstrava a glória de Deus. Invés de se condenar a riqueza, é condenado o descanso sobre a posse, gozo do dinheiro com ócio e prazer carnal e abandono da aspiração da vida santa (142:143).
O que passa a ser mais grave e condenável é perda de tempo, que seria para o calvinista o primeiro e mais grave de todos os pecados. O tempo da vida é curto e precioso para consolidar a vocação.  O tempo perdido é considerado trabalho subtraído da gloria de Deus. Tem-se a desvalorização da contemplação frente ao trabalho profissional. O trabalho passa a ser o fim da vida em si, prescrito por Deus. A falta de vontade de trabalhar é sintoma de ausência de graça (p.143:144).
Enquanto para Tomás de Aquino, a exemplo da postura medieval o trabalho servia somente para sobrevivência humana, no puritanismo todos são chamados, ou seja, tem vocação ao trabalho. Enquanto em Lutero existe certa resignação, no sentido de que o indivíduo deve permanecer nas condições que Deus lhe confiou. No puritanismo é pelo fruto que se reconhece qual será o fim. O servo deve multiplicar a moeda recebida. Passa haver o imperativo do ter (p. 145).
Tem-se a condenação a não existência de profissão fixa, o que favorece a especialização e a divisão do trabalho. A profissão passa a ser utilizada tendo como base critérios morais, a servir a bem coletivo, mas, principalmente e muito mais importante pela capacidade de produzir lucro.
Para Weber, o Judaísmo produziu o ethos do desenvolvimento capitalista medieval e moderno, que culminou no capitalismo aventureiro. Sendo assim, em que a concepção puritana de vocação profissional e a exigência de uma conduta de vida ascética haveria de influenciar diretamente o desenvolvimento do estilo de vida capitalista? (p.151).
Em primeiro lugar, a ascese é contra o gozo descontraído da existência. Toda designação de comportamento irracional, sem finalidade, não ascético, não servia a gloria de Deus. Rejeita-se a divinização da criatura. O homem se torna o administrador dos bens que a graça de Deus lhe dispensou (p.154:155).
A ascese intramundana estrangulou o consumo (no seu início), mas produziu o efeito psicológico de liberar o enriquecimento dos entraves da ética tradicional. A luta travada é contra o uso irracional da posse, não contra o ganho. Ainda, esse estrangulamento do consumo favoreceu a acumulação de capital. Tem-se uma compulsão ao acúmulo de capital e uma tendência a conduta econômica racional. 
A concepção puritana de vida fez a cama para o “homo oeconomicus” moderno. Da resolução da tensão religiosa em virtude profissional, e do definhamento da raiz religiosa original, sobra a intramundanidade utilitária. Surge o ethos profissional especificamente burguês (p.159: 161).
Estimulo psicológico, concebeu o trabalho como vocação profissional, muitas vezes, como único meio de certificar a graça. O trabalhador moderno é impulsionado a vocação profissional, enquanto o empresário moderno é impulsionado ao lucro. (p. 162:163). A ascese dominando a moralidade intramundana determina com pressão avassaladora a vida de todos os indivíduos, é o que Max Weber chama de jaula de ferro.
Em síntese, “A conduta de vida racional, fundada na idéia de profissão como vocação, nasceu do espírito da ascese cristã.(p.164)” .

sexta-feira, 2 de julho de 2010

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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Karl Marx - Aula III

Marx, como vimos nas aulas passadas, tem seu foco voltado para o SURGIMENTO e para o FUNCIONAMENTO da Sociedade Capitalista. Desta forma, ele desenvolveu estudos que partem tanto da História, quanto da Filosofia, da Política e, de uma forma toda especial, da ECONOMIA.
Claro, se ele está preocupado em entender as origens e o funcionamento de um sistema social que tem o CAPITAL como radical de seu próprio nome, há de se convir esta especialidade que ele dá à economia em sua obra.

Marx olha para o Capitalismo com as lentes de um economista. Mas faz algo diferente do que economistas de sua época e de épocas passadas haviam feito. Ele dá muita atenção à obra do inglês Adam Smith, inclusive utilizando de seus conceitos de "mais-valia", "lucro", "preço" etc.. Todavia, se por um lado Marx olhava aquele sistema social com as lentes de um economista, por outro, olhava também como filósofo que era. Ele abstraía aqueles conceitos econômicos, mas relacionando-os às formas como cada conceito atingia as relações sociais.

Vimos na última aula que Marx utiliza como método o MATERIALISMO HISTÓRICO. Esta metodologia se dava na análise da RELAÇÕES MATERIALISTAS que os homens mantinham ao longo da HISTÓRIA. A partir deste método Marx chega à conclusão de que "(...) a história da humanidade era uma eterna LUTA DE CLASSES". Ele diz isto porque chega à conclusão de que sempre na história humana as relações entre os homens se davam a partir da dicotomia entre DUAS CLASSES: de uma lado aqueles que EXPLORAVAM e de outro aqueles que eram EXPLORADOS. Dessa forma, dialéticamente a humanidade veio reproduzindo essa dicotomia entre EXPLORADORES (que tinham acesso à propriadade - ou proprietários dos meios de produção) e EXPLORADOS (sem acesso à propriedade - donos apenas da mão-de-obra).

Para Marx, no Capitalismo também existia essa dicotomia. Aqui, todavia, representada pela luta entre BURGUESES (classe exploradora) e PROLETÁRIOS (classe explorada). Os BURGUESES, ou CAPITALISTAS eram os donos dos meios de produção (fábricas, indústrias etc.); os PROLETÁRIOS eram a classe trabalhadora.

A EXPLORAÇÃO, no capitalismo, se dava a partir do conceito de MAIS-VALIA abstraído por Marx. Segundo ele, no processo de produção havia, junto, o processo pelo qual o capitalista retirava o seu lucro. Este lucro não estava estabelecido durante a precificação do produto ou sob o cálculos de custo e benfício. Segundo Marx, o lucro do capitalista está imbutido no processo de exploração que ele, burguês, excerce sobre o proletário, chamado por Marx como MAIS-VALIA.

Mas afinal de contas, o que é a MAIS-VALIA?

Suponhamos que um artesão leve 1 hora para fabricar uma cadeira. Este artesão não é alienado a nenhum dos processos produtivos dessa cadeira. Ele é faz todo o processo produtivo, desde a escolha da madeira, passando pelo corte, molde, montagem, pintura etc.. Todo este processo leva 1 hora.
Para cada cadeira que este artesão fabrica ele tem um gasto (X) e um ganho (Y). A cadeira terá um preço (P) Y é maior do que X, uma vez que ele deve calcular tudo o que gastou na fabricação (X) e acrescentar um valor extra (Y) que será o seu lucro. Temos então: X+Y=P.

Este artesão não consegue concorrer com os preços e a qualidade dos produtos de uma fábrica de cadeiras. Com esta pressão ele é obrigado a fechar o seu ateliê e se empregar em uma fábrica.
Já como funcionário desta fábrica ele leva as mesmas 1 hora para desempenhar o esforço da fabricação de 1 cadeira. Mas agora ele está alienado a desempenhar apenas uma função, seja a de pintar a cadeira, ou de apenas cortá-la, ou moldá-la, ou parafusá-la (...). Mas calculado o esforço de 1 hora, é o mesmo gasto antes.
O cálculo de precificação será o mesmo: Calcula-se os gastos de fabricação (X), acrescenta-se um valor (Y) e chagar-se-á ao preço (P).

Todavia, antes, como artesão, o lucro (Y) ficaria todo para o artesão que desempenhou o trabalho sozinho. Agora, este lucro (Y) passará a ser todo do dono da fábrica, burguês. O ex-artesão, agora proletário, terá um salário, que será calculado pelo burgu6es como um dos elementos do seus gastos de fabricação (X).

Com o aceleramento produtivo, fez-se muito desemprego e a acumulação da mão-de-obra que, seguindo a lógica de precificação de Adam Smith de "oferta e procura", barateou o preço dessa mão-de-obra, deixando ainda mais barato os gastos (X) do burguês, aumentando o seu lucro (Y).

Ou seja, o lucro do burguês está diretamente associado à exploração exercida sobre o trabalho do proletário. O termo MAIS-VALIA quer dizer: o trabalho desempenhado pelo proletário "deveria valer mais"... mais valia.

É este, portanto, o processo de exploração analisado por Marx, donde se tira todo o lucro do capitalista.

Para a próxima aula, veremos um pouco do que sejam os conceitos de SUPERESTRUTURA E INFRAESTRUTURA e os conceitos de IDEOLOGIA e CLASSES SOCIAIS.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Karl Marx - Aula II

Afinal de contas, o que é MATERIALISMO HISTÓRICO?
E que relação tem o MATERIALISMO HISTÓRICO com a tal DIALÉTICA? E, mais ainda, qual a diferença entre a DIALÉTICA MARXISTA e a DIALÉTICA HEGELIANA?

Essas são perguntas que atormentam, de início, todo aquele que se inicia nos estudos sociológicos marxistas... mas são palavras-chave que, bem compreendidas, auxiliam, e muito, no entendimento da teoria marxista, em si, e das questões que podem ser levantadas quando se estudada essa teoria.

Vamos começar do começo.

Vimos na AULA I que Marx, assim como outros pensadores de seu tempo, tinham um objeto de estudo em comum: O SISTEMA CAPITALISTA, bem como as transformações da sociedade nas últimas décadas e século. Marx dedica, toda a sua obra, a entender o funcionamento deste sistema e, uma das dúvidas que ele teve de sanar foi a de COMO SURGIU O CAPITALISMO.

Antes de iniciar as suas pesquisas, quando jovem, Marx foi um dos que muito estudou um filósofo alemão chamado Hegel. Hegel, a partir de suas reflexões acerca do discursos e das idéias, chega ao entendimento do que fosse uma "dialética", que a forma como nascem as idéias e suas relações com a vida humana. Em suma, a dialética hegeliana diz que, no processo de concepção de uma idéia temos uma TESE (ou seja, uma idéia). Desta "tese", produzimos, em nossas vidas reais, uma SÍNTESE, que seria aquela idéia (tese) posta em prática e, consequentemente, em tensão com as nossas realidades individuais. Deste processo, é gerada uma ANTÍTESE, que seria uma nova idéia, contrária àquela primeira, ou seja, uma "anti-tese".

Voltando a Marx e à sua busca pelo entendimento de como "surgiu o capitalismo", Marx cria um método, a partir do qual ele estudaria a HISTÓRIA do capitalismo. Mas não uma história genérica. Para Marx, importava a história materialista. Por isso seu método ficou conhecido como MATERIALISMO HISTÓRICO: ele estava dando foco às relações materialistas ao longo de toda a história humana.

No desenvolvimento de seu método, ou seja, do MATERIALISMO HISTÓRICO, Marx utilizou dos conceitos estudados pela dialética hegeliana.
Todavia, notem que Hegel, com sua dialética, estuda as "IDÉIAS", que segiriam um ciclo. Por isso "dia (idéia) + lética (ciclos). Marx, porém, não se limita ao estudo das "idéias", mas da HISTÓRIA MATERIALISTA. Discordando da forma como Hegel propôs sua dialética, mas concordando em partes, Marx inverte a proposta de Hegel, gerando a sua própria dialética.
para Marx, a história humana também é dialética... também segue uma lógica ciclica. Mas, diferentemente da concepção em Hegel, em Marx teremos uma TESE (um contexto histórico) e, depois teremos um novo contexto, contrário ao primeiro (ANTÍTESE). Do processo de tensionamento desses dois, gerar-se-á uma (SÍNTESE), como que um resumo daquele tensionamento.

Notem:
Em Hegel temos: (TESE-SÍNTESE-ANTÍTESE)
Em Marx temos: (TESE-ANTÍTESE-SÍNTESE)

Então, o método utilizado por Marx em seus estudos foi o MATERIALISMOS HISTÓRICO, porque ele estava estudando as relações materiais da história humana.
Ele desenvolveu este método a partir da sua concpeção de DIALÉTICA, que diferenciava da dialética hegeliana.

Para Marx, no processo histórico, tinhamos, então:

Uma TESE (O Capitalismo) - uma ANTÍTESE (Socialismo) - e uma SÍNTESE (Comunismo)

Esta SÍNTESE, será uma nova TESE, que, no futuro, terá uma antítese e gerará uma síntese, que será uma nova tese, que terá uma antítese e gerará uma síntese (...).

quarta-feira, 9 de junho de 2010

KARL MARX: Aula I

Todos temos a tendência de, num primeiro contato com a teoria de Marx, nos deixarmos levar por aquilo que se "fala" sobre o mesmo. Chavões como "capitalismo", "socialismo" e "comunismo" são comuns quando o assunto é Karl Marx. Todavia - e principalmente na internet - o debate em torno deste pensador se torna algo muito incipiente, sobretudo quando tendemos a falar no Marx Político e nos esquecemos do Marx Cientista: filósofo, economista (...).
Claro! Falar de Marx e sua teoria implica falar em capitalismo, socialismo, comunismo. Mas isto visualisado o pano de fundo sobre o qual Marx viveu e dissertou: estamos falando do Séc. XIX, apogeu do "capitalismo de então"(1).
Todavia, vamos ao que nos interessa por enquanto:
Iniciado um "movimento" em busca da "ciência que dê conta explicar, metodologicamente, a sociedade", Marx, mesmo nunca assumindo o título de "sociólogo", ao analisar a sociedade capitalista de então e as mazelas por ela causadas, ele quis investigar O QUE ERA O CAPITALISMO. Ora, que sistema social é esse, dito racional (2), promove lucro e riqueza a uns às custas da miséria de uma maioria? Era esta a pergunta feita por Marx a ele mesmo.
Veja! Não estou aqui "defendendo" Marx ou postando a ele o título de guardião de "toda bondade do mundo" e nem nada parecido. Mas o fato é que não só ele mas distintos pensadores, fossem eles liberais, socialistas utópicos ou científicos, se faziam essa pergunta. Vejamos que estamos falando de um contexto europeu pouco posteiro à Revolução Inglesa, onde é inalgurada a todo vapor - literalmente - a produção em série e máquinas fazem o trabalho de homens que são dispensados, o que provocou desemprego e desvalorização da mão-de-obra. Aumenta-se, então a miséria e, consequentemente, a criminalidade etc..
Dessa forma, focado naquela questão: O QUE É O CAPITALISMO, Marx atentou os seus estudos para a ORIGEM DESSA SOCIEDADE. Para tal, desenvolveu um método, que ficou conhecido como MATERIALISMO HISTÓRICO.
Para entender este seu método de estudo, teremos que entender, antes, como Marx chegou à formulação do mesmo. Teremos que compreender, então, o conceito de DIALÉTICA e de ESTADO e SOCIEDADE em sua perspectiva. Mas isto fica para a Aula II.
A priori, famos focalizar o seguinte:
Falar em Marx é falar de Europa no Séc. XVIII e XIX.
Uma palavra-chave em seu estudo é CAPITALISMO. Tal palavra-chave implica conhecermos os dois grandes fatores que propiaram o surgimento  da mesma, quais sejam: Revolução Inglesa e Revolução Francesa.
Para estudar a ORIGEM DO CAPITALISMO, Marx desenvolveu um método que chamou de MATERIALISMO HISTÓRICO.
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DICA DE PESQUISA: O que foram e quais as consequências das Revoluções Inglesa e Francesa?

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(1) - Durante o curso de Sociologia falaremos sobre vários capitalismos, reportando àquilo que chamarei de "plasticidade do capitalismo".
(2) - Veja que estamos falando de um contexto em que se inalgura o Iluministmo e, juntada as Revoluções Inglesa e Francesa, temos na Razão o porto antes ocupado pela Teologia e pela Metafísica.