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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Karl Marx - Aula III

Marx, como vimos nas aulas passadas, tem seu foco voltado para o SURGIMENTO e para o FUNCIONAMENTO da Sociedade Capitalista. Desta forma, ele desenvolveu estudos que partem tanto da História, quanto da Filosofia, da Política e, de uma forma toda especial, da ECONOMIA.
Claro, se ele está preocupado em entender as origens e o funcionamento de um sistema social que tem o CAPITAL como radical de seu próprio nome, há de se convir esta especialidade que ele dá à economia em sua obra.

Marx olha para o Capitalismo com as lentes de um economista. Mas faz algo diferente do que economistas de sua época e de épocas passadas haviam feito. Ele dá muita atenção à obra do inglês Adam Smith, inclusive utilizando de seus conceitos de "mais-valia", "lucro", "preço" etc.. Todavia, se por um lado Marx olhava aquele sistema social com as lentes de um economista, por outro, olhava também como filósofo que era. Ele abstraía aqueles conceitos econômicos, mas relacionando-os às formas como cada conceito atingia as relações sociais.

Vimos na última aula que Marx utiliza como método o MATERIALISMO HISTÓRICO. Esta metodologia se dava na análise da RELAÇÕES MATERIALISTAS que os homens mantinham ao longo da HISTÓRIA. A partir deste método Marx chega à conclusão de que "(...) a história da humanidade era uma eterna LUTA DE CLASSES". Ele diz isto porque chega à conclusão de que sempre na história humana as relações entre os homens se davam a partir da dicotomia entre DUAS CLASSES: de uma lado aqueles que EXPLORAVAM e de outro aqueles que eram EXPLORADOS. Dessa forma, dialéticamente a humanidade veio reproduzindo essa dicotomia entre EXPLORADORES (que tinham acesso à propriadade - ou proprietários dos meios de produção) e EXPLORADOS (sem acesso à propriedade - donos apenas da mão-de-obra).

Para Marx, no Capitalismo também existia essa dicotomia. Aqui, todavia, representada pela luta entre BURGUESES (classe exploradora) e PROLETÁRIOS (classe explorada). Os BURGUESES, ou CAPITALISTAS eram os donos dos meios de produção (fábricas, indústrias etc.); os PROLETÁRIOS eram a classe trabalhadora.

A EXPLORAÇÃO, no capitalismo, se dava a partir do conceito de MAIS-VALIA abstraído por Marx. Segundo ele, no processo de produção havia, junto, o processo pelo qual o capitalista retirava o seu lucro. Este lucro não estava estabelecido durante a precificação do produto ou sob o cálculos de custo e benfício. Segundo Marx, o lucro do capitalista está imbutido no processo de exploração que ele, burguês, excerce sobre o proletário, chamado por Marx como MAIS-VALIA.

Mas afinal de contas, o que é a MAIS-VALIA?

Suponhamos que um artesão leve 1 hora para fabricar uma cadeira. Este artesão não é alienado a nenhum dos processos produtivos dessa cadeira. Ele é faz todo o processo produtivo, desde a escolha da madeira, passando pelo corte, molde, montagem, pintura etc.. Todo este processo leva 1 hora.
Para cada cadeira que este artesão fabrica ele tem um gasto (X) e um ganho (Y). A cadeira terá um preço (P) Y é maior do que X, uma vez que ele deve calcular tudo o que gastou na fabricação (X) e acrescentar um valor extra (Y) que será o seu lucro. Temos então: X+Y=P.

Este artesão não consegue concorrer com os preços e a qualidade dos produtos de uma fábrica de cadeiras. Com esta pressão ele é obrigado a fechar o seu ateliê e se empregar em uma fábrica.
Já como funcionário desta fábrica ele leva as mesmas 1 hora para desempenhar o esforço da fabricação de 1 cadeira. Mas agora ele está alienado a desempenhar apenas uma função, seja a de pintar a cadeira, ou de apenas cortá-la, ou moldá-la, ou parafusá-la (...). Mas calculado o esforço de 1 hora, é o mesmo gasto antes.
O cálculo de precificação será o mesmo: Calcula-se os gastos de fabricação (X), acrescenta-se um valor (Y) e chagar-se-á ao preço (P).

Todavia, antes, como artesão, o lucro (Y) ficaria todo para o artesão que desempenhou o trabalho sozinho. Agora, este lucro (Y) passará a ser todo do dono da fábrica, burguês. O ex-artesão, agora proletário, terá um salário, que será calculado pelo burgu6es como um dos elementos do seus gastos de fabricação (X).

Com o aceleramento produtivo, fez-se muito desemprego e a acumulação da mão-de-obra que, seguindo a lógica de precificação de Adam Smith de "oferta e procura", barateou o preço dessa mão-de-obra, deixando ainda mais barato os gastos (X) do burguês, aumentando o seu lucro (Y).

Ou seja, o lucro do burguês está diretamente associado à exploração exercida sobre o trabalho do proletário. O termo MAIS-VALIA quer dizer: o trabalho desempenhado pelo proletário "deveria valer mais"... mais valia.

É este, portanto, o processo de exploração analisado por Marx, donde se tira todo o lucro do capitalista.

Para a próxima aula, veremos um pouco do que sejam os conceitos de SUPERESTRUTURA E INFRAESTRUTURA e os conceitos de IDEOLOGIA e CLASSES SOCIAIS.

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