Claro, se ele está preocupado em entender as origens e o funcionamento de um sistema social que tem o CAPITAL como radical de seu próprio nome, há de se convir esta especialidade que ele dá à economia em sua obra.
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Vimos na última aula que Marx utiliza como método o MATERIALISMO HISTÓRICO. Esta metodologia se dava na análise da RELAÇÕES MATERIALISTAS que os homens mantinham ao longo da HISTÓRIA. A partir deste método Marx chega à conclusão de que "(...) a história da humanidade era uma eterna LUTA DE CLASSES". Ele diz isto porque chega à conclusão de que sempre na história humana as relações entre os homens se davam a partir da dicotomia entre DUAS CLASSES: de uma lado aqueles que EXPLORAVAM e de outro aqueles que eram EXPLORADOS. Dessa forma, dialéticamente a humanidade veio reproduzindo essa dicotomia entre EXPLORADORES (que tinham acesso à propriadade - ou proprietários dos meios de produção) e EXPLORADOS (sem acesso à propriedade - donos apenas da mão-de-obra).
Para Marx, no Capitalismo também existia essa dicotomia. Aqui, todavia, representada pela luta entre BURGUESES (classe exploradora) e PROLETÁRIOS (classe explorada). Os BURGUESES, ou CAPITALISTAS eram os donos dos meios de produção (fábricas, indústrias etc.); os PROLETÁRIOS eram a classe trabalhadora.
A EXPLORAÇÃO, no capitalismo, se dava a partir do conceito de MAIS-VALIA abstraído por Marx. Segundo ele, no processo de produção havia, junto, o processo pelo qual o capitalista retirava o seu lucro. Este lucro não estava estabelecido durante a precificação do produto ou sob o cálculos de custo e benfício. Segundo Marx, o lucro do capitalista está imbutido no processo de exploração que ele, burguês, excerce sobre o proletário, chamado por Marx como MAIS-VALIA.
Mas afinal de contas, o que é a MAIS-VALIA?
Suponhamos que um artesão leve 1 hora para fabricar uma cadeira. Este artesão não é alienado a nenhum dos processos produtivos dessa cadeira. Ele é faz todo o processo produtivo, desde a escolha da madeira, passando pelo corte, molde, montagem, pintura etc.. Todo este processo leva 1 hora.
Para cada cadeira que este artesão fabrica ele tem um gasto (X) e um ganho (Y). A cadeira terá um preço (P) Y é maior do que X, uma vez que ele deve calcular tudo o que gastou na fabricação (X) e acrescentar um valor extra (Y) que será o seu lucro. Temos então: X+Y=P.
Este artesão não consegue concorrer com os preços e a qualidade dos produtos de uma fábrica de cadeiras. Com esta pressão ele é obrigado a fechar o seu ateliê e se empregar em uma fábrica.
Já como funcionário desta fábrica ele leva as mesmas 1 hora para desempenhar o esforço da fabricação de 1 cadeira. Mas agora ele está alienado a desempenhar apenas uma função, seja a de pintar a cadeira, ou de apenas cortá-la, ou moldá-la, ou parafusá-la (...). Mas calculado o esforço de 1 hora, é o mesmo gasto antes.
O cálculo de precificação será o mesmo: Calcula-se os gastos de fabricação (X), acrescenta-se um valor (Y) e chagar-se-á ao preço (P).
Todavia, antes, como artesão, o lucro (Y) ficaria todo para o artesão que desempenhou o trabalho sozinho. Agora, este lucro (Y) passará a ser todo do dono da fábrica, burguês. O ex-artesão, agora proletário, terá um salário, que será calculado pelo burgu6es como um dos elementos do seus gastos de fabricação (X).
Com o aceleramento produtivo, fez-se muito desemprego e a acumulação da mão-de-obra que, seguindo a lógica de precificação de Adam Smith de "oferta e procura", barateou o preço dessa mão-de-obra, deixando ainda mais barato os gastos (X) do burguês, aumentando o seu lucro (Y).
Ou seja, o lucro do burguês está diretamente associado à exploração exercida sobre o trabalho do proletário. O termo MAIS-VALIA quer dizer: o trabalho desempenhado pelo proletário "deveria valer mais"... mais valia.
É este, portanto, o processo de exploração analisado por Marx, donde se tira todo o lucro do capitalista.
Para a próxima aula, veremos um pouco do que sejam os conceitos de SUPERESTRUTURA E INFRAESTRUTURA e os conceitos de IDEOLOGIA e CLASSES SOCIAIS.
gostei
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